Auditoria aponta irregularidades na antiga administração da Santa Casa de São Sebastião do Paraíso

Uma auditoria apontou irregularidades e indícios de fraude e compras acima do valor de mercado na Santa Casa de São Sebastião do Paraíso (MG). Os antigos diretores foram afastados em dezembro passado por recomendação do Ministério Público. O relatório da auditoria mostra irregularidades e indícios de fraudes em diversos setores, que teriam deixado um prejuízo de mais de R$ 1,3 milhão para o hospital.A auditoria que encontrou as irregularidades foi contratada pela diretoria interventora, que assumiu o hospital. O relatório de 16 páginas revelou detalhes da administração de Flávio Vestim, entre 2014 e 2016.

"A gente vem buscando meios para estar fortalecendo a instituição, que é um dos maiores prestadores de serviço, principalmente na cardiologia na nossa região e a gente tem buscado junto ao Ministério da Saúde, junto à Secretaria de Estado de Saúde, meios para que a gente consiga fomentar e aumentar os atendimentos, que automaticamente vêm os recursos junto, a gente tem buscado meios para estar fortalecendo para que a gente não perca essa instituição tão valiosa no nosso município", disse o secretário municipal de Saúde, Wandilson Aparecido Bícego.A nomeação de parentes para cargos de confiança também foi encontrada. A esposa de Flávio Vestim foi contratada como assessora jurídica com um salário de R$ 6.702. Maria Helena Campos Prado de Andrade, que é proprietária da empresa M&H Licitações e Assessoria, que prestava serviços à Santa Casa, recebia o salário de R$ 14 mil como diretora administrativa e financeira.

Também foram encontradas irregularidades na compra de equipamentos. Na compra de uma lavadora extratora hospitalar, foi feita apenas uma cotação, quando o exigido são três. Também foram emitidos cheques ao portador, o que contraria as normas do Banco Central, já que cheques acima de R$ 100 devem ser preenchidos com o nome do favorecido.Ainda conforme a auditoria, em convênios públicos estaduais, há indícios de direcionamento, práticas que violam os princípios da Lei de Licitações. Somente uma empresa, a Hospimental Ltda, vencia constantemente as licitações para a compra de equipamentos. Em algumas negociações, há indícios de superfaturamento. Uma cama médica que custa R$ 3,5 mil, foi comprada por R$ 6 mil.

Em dezembro do ano passado, a prefeitura acatou a recomendação do Ministério Público e determinou a intervenção da Santa Casa, afastando o provedor e toda a diretoria. A recomendação teve como base o relatório feito pelo Denasus, que apontou irregularidades na Santa Casa da cidade.

A equipe de intervenção comunicou que não vai se pronunciar sobre o resultado da auditoria. O relatório entregue à prefeitura já foi encaminhado ao Ministério Público e ao Denasus, Departamento de Auditoria do Sistema Único de Saúde. O que deverá acontecer agora é a exclusão definitiva da antiga diretoria. Todos deverão ser responsabilizados pelos crimes apontados e por má administração.

"De hora em diante que assumimos a nova comissão interventora, todos os repasses estão sendo feitos de forma regular, todos os repasses que cabem ao município pelo trabalho realizado pela Santa Casa está sendo feito de forma muito positiva, diante da seriedade que vem conduzindo os trabalhos a partir da comissão interventora", disse o prefeito de São Sebastião do Paraíso, Walker Américo Oliveira.

O advogado Raimundo Cândido, que defende Maria Helena Campos Prado de Andrade, ex-diretora administrativa e Flávio Westin, ex-provedor da Santa Casa e a ex-esposa dele, Maria Luiza Ferreira, informou, por telefone, que ainda não teve conhecimento oficial do relatório final da auditoria e que só vai se manifestar no processo. A produção da EPTV Sul de Minas procurou a Hospimental Ltda, mas ninguém respondeu os emails e telefonemas.

Fonte:g1.globo.sul de minas