Sem água, Cristais Paulista suspende aulas de 1,6 mil estudantes até dia 28

22/10/2014 Autor(a): Juliana Pereira Função: Repórter



Foto(s): Wilker Maia/Comércio da Franca

Cartaz em portão de escola municipal em Cristais Paulista 

informa sobre a suspensão das aulas até o meio da próxima semana

A falta d’água em Cristais Paulista tirou cerca de 1.600 alunos da pré-escola e do ensino fundamental das salas de aula esta semana. Outros 300 estudantes do ensino médio estão tendo apenas metade da carga horária diária. Segundo a secretária municipal de Educação, Ana Rosa Menecuci Leonardo, faça chuva ou faça sol, o recesso forçado terá fim na próxima quarta-feira, 29.

As quatro instituições municipais de ensino de Cristais Paulista suspenderam as aulas desde a última segunda-feira até a próxima quinta. Na sexta-feira, 24, já estava previsto que as atividades seriam suspensas, pois as escolas serão preparadas para o segundo turno das eleições. A suspensão das aulas nas próximas segunda e terça-feira também já constava do calendário escolar. Dia 27 foi decretado ponto facultativo por conta da comemoração do Dia do Servidor Público, celebrado em 28 de outubro. 

Segundo Ana Rosa, os quatro dias de aula que os alunos da rede municipal perderam serão repostos em dezembro. “Na semana passada já não estava tendo aula por causa da Semana do Saco Cheio. Reunimos com o prefeito (Miguel Marques, PSDB) e decidimos suspender as aulas por mais quatro dias, pois não tinha mesmo como voltar por conta da falta d’água. Não haverá nenhum déficit pedagógico.”

Os únicos estudantes a frequentarem as salas de aula nesta semana em Cristais são os do ensino médio, mas o turno foi reduzido desde ontem. Os alunos do período matutino estão ficando nas salas de aula das 7 horas às 10h20 e os do noturno, das 19 horas às 21h15.

“São quatro mil pratos que deixam de ser lavados todos os dias com a suspensão das aulas. Sem contar as panelas, torneiras e vasos sanitários”, completou Ana Rosa.

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, a única escola estadual do município adequou o horário das aulas a pedido da Prefeitura de Cristais. O órgão informou também que já está em contato com o executivo municipal para regularizar a situação.

Opiniões divergentes

Os pais de alunos cristalenses divergem sobre a suspensão das aulas para economizar água. Para o conselheiro tutelar Odair Antônio de Souza, 46, pai das estudantes Maria Eduarda, 10, e Maria Fernanda, 6, a situação não justifica a medida. “As escolas tem reservatórios, então acho que não tem necessidade de suspender as aulas. Agora, elas (as crianças) têm que ficar em casa, na televisão, ao invés de ir para a escola.”

Já a corretora de imóveis Ana Lúcia Guarnieri, 39, aprova. “É ruim para os alunos, mas é uma forma de economizar, e estamos precisando. Nunca tinha visto nada assim aqui antes”, disse Ana Lúcia, que mora em Cristais Paulista há 11 anos e é mãe da estudante Camila, 8.

Abastecimento reduzido

O Saec (Sistema de Água e Esgoto de Cristais Paulista) tem produzido 700 mil litros de água por dia. Em períodos normais, a produção é de 1,5 milhão de litros diariamente. “Para chegar a essa quantidade, a gente tem captado água em represas de duas usinas que plantam na cidade com o auxílio de seis caminhões-pipa, três nossos e três emprestados por outros municípios. Só os caminhões trazem 400 mil litros para a estação de tratamento todos os dias”, disse o secretário de Obras, Moacir Almeida.

Desde maio, Cristais passa por racionamento de água, e atualmente a cidade se encontra em estado de alerta. Nos últimos dias, os moradores têm recebido água nas torneiras por apenas quatro horas e meia diárias.

“Nossa salvação vai ser chover ou a Defesa Civil do Estado”, disse Almeida se referindo ao pedido de R$ 350 mil ao órgão estadual para obras emergenciais de captação de água, feito pelo município há 15 dias. 

A Defesa Civil de São Paulo informou em nota que “a solicitação em questão foi entregue nesta terça-feira, às 16h40, à Coordenadoria Estadual da Defesa Civil que, imediatamente, iniciou a análise do documento”.

Fonte: www.gcn.net.br