Peixes
‘desaparecem’ com estiagem no Rio Grande, em Passos, MG
Pescadores enfrentam dificuldades para manter atividade na
região.
Nível do rio que era de seis metros não passa de um metro
atualmente.
Do
G1 Sul de Minas
A
estiagem tem modificado as paisagens e hábitos no Sul de Minas. Em Passos(MG),
o Rio Grande é visto praticamente sem água. O leito do rio que deveria ter uma
profundidade de seis metros, não passa de um metro e os pescadores sofrem para
conseguir trabalhar, já que o nível da represa também está baixo.
Abaixo
da barragem do Rio Grande, cerca de 2 mil pescadores profissionais dependem do
pescado para o sustento da família, no entanto, a falta de chuvas tem
prejudicado a sobrevivência na região. “O rio está com o nível muito baixo. O
máximo que conseguimos navegar é um metro em locais que a profundidade era de
até seis”, comentou o pescador Miguel Arcanjo.
Em
um ponto conhecido pelos pescadores como Lagoa, onde existia a desova dos
peixes, o nível está tão baixo que os pescados já desapareceram. “Aqui era um
berçário dos peixes e agora não conseguimos mais pescar”, completou o pescador.
Já
em outro ponto, a vegetação dividiu o rio ao meio e os ranchos ficaram
isolados. Para navegar é preciso desligar o motor da canoa e usar o remo. Onde
antes existia água, hoje é rancho para os pescadores, onde é possível andar
normalmente.
“Eu
colocava a canoa aqui na entrada. Antes pescava bastante e atualmente não pego
quase nada. Eu pegava até 300 kg de peixe por semana e agora não chega nem a
100. Está muito ruim a sobrevivência. Algumas espécies como a tilápia também
estão sumindo do Rio Grande”, comentou Manoel Vilela de Souza, que construiu um
rancho há 25 anos.
Estiagem no Rio Grande faz
diminuir número de peixes em Passos (Foto: Reprodução EPTV)
Já
o pescador Pedro Tomás de Godoi conta que precisa ir cada vez mais longe para
tentar encontrar peixes no Rio Grande e manter o restaurante que tem no local.
“Tenho que entrar cada vez mais no rio para pescar. Está cada vez mais
difícil”, contou.
O
presidente da Associação dos Pescadores Profissionais de Passos e Região. João
Batista Rodrigues está assustado. “Não temos muitos motivos para sermos
otimistas em relação ao futuro da pescaria. Cada vez mais a nossa riqueza
natural está escassa e outras pessoas estão inclusive mudando de ramo”, disse.
Pior vazão dos
últimos 84 anos
Uma pesquisa feita pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) mostra que o Rio Grande vive a pior vazão de água dos últimos 84 anos. Segundo a companhia, em julho, que o rio atingiu sua pior vazão, 33 metros cúbicos por segundo. Em junho, a situação não foi tão diferente: 37 metros cúbicos por segundo.
Conforme
a Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa), nas 17 bacias
hidrográficas de Minas Gerais, há registro de baixa nas vazões de todos os
principais rios. Em julho, o nível de chuva registrado foi 50% menor do que o
esperado para o mês.
Fonte: G1 Sul de Minas
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