quinta-feira, 11 de agosto de 2016

São José tira cobradores de ônibus e revolta passageiros


Motorista cobra passagem de usuários do transporte coletivo de Franca: atrasos têm gerado impaciência e muita irritação
Novas linhas do transporte público municipal de Franca estão sem cobradores. O resultado é uma onda de reclamações dos usuários e dos próprios motoristas, que acumulam a função. A medida, segundo passageiros e profissionais, são atrasos nas viagens e, consequentes, impaciência e irritação. De acordo com os motoristas, 20 linhas já não possuem cobradores. O número representa praticamente a metade das existentes em Franca.
 
Desde 2014, a falta de cobradores em linhas de ônibus da Empresa São José vem sendo alvo de reclamações por parte de usuários e profissionais da área. A prática está embasada em uma brecha prevista no acordo de 2013, assinado na surdina, entre o prefeito Alexandre Ferreira (PSDB) e a empresa São José. Na ocasião, o contrato reviu cláusulas exigidas em edital, causando grande polêmica.
Um dos compromissos alterados diz respeito à obrigatoriedade de cobradores nos ônibus. Enquanto o documento assinado em 2009 exigia a existência do cargo - com exceção nas linhas intrabairros (que não passam pelo Terminal do Centro) -, o atual diz que a Prefeitura pode avaliar “a conveniência de preservar o posto de cobrador nos veículos”. Ao que parece, pelo menos para a administração municipal, a existência do cargo não tem sido conveniente.

 
“É um absurdo não ter cobrador. Uso ônibus todos os dias e, quando não tem ninguém para ajudar o motorista, atrasa tudo”, disse o ajudante de caminhão Gustavo Barbosa. “O motorista fica tentando dar conta de tudo e os passageiros vão perdendo a paciência, porque precisam chegar ao trabalho na hora certa”, completou.
 
As observações dos usuários foram confirmadas por motoristas dos ônibus. De acordo com eles, a sobrecarga de serviço imposta estaria causando atrasos e transtornos diários. “É muito estressante. Tiraram os cobradores e as tarefas vieram pra gente, então tudo é demorado. Os passageiros ficam impacientes e aumentou a quantidade de discussões”, afirmou um profissional que preferiu não se identificar. “Se pelo menos nos pagassem metade do salário do cobrador, mas nem isso acontece”, disse um outro motorista. 
 
Conforme os relatos, além de se ocupar com a direção e abertura de portas dos veículos, os motoristas estão liberando as catracas, fazendo a cobrança do dinheiro e auxiliando a entrada de deficientes físicos e passageiros com dificuldade de locomoção nos ônibus. “O motorista fica de cabeça quente e depois começa a correr para tentar chegar no horário. Acho perigoso isso, pode acontecer algum acidente”, afirmou a aposentada Heloísa Aparecida Martins. 
 
É válido lembrar que, no último dia 8, a Prefeitura aprovou um reajuste de 8,57% nas passagens da São José, fazendo com que Franca praticasse um valor mais caro do que o encontrado em 26 capitais brasileiras, empatando com São Paulo. Atualmente, o passe custa R$ 3,80 na cidade.

Fonte: gcn.net.br

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