Furnas ameaça despejar 70 famílias da vila do Estreito
Benedita de Jesus Honório, 77, mora há quase meio século em uma casa da rua Corumbá, na vila residencial do Estreito. Seu marido, Manoel Honório, trabalhou por 30 anos e se aposentou na usina de Furnas. Ele morreu em janeiro de 2005 e a mulher continuou morando no local com uma cuidadora. Com apenas 5% da visão, ela precisa ter sempre alguém por perto para ajudá-la. Há cerca de dez dias, Benedita recebeu uma notificação enviada por Furnas dando prazo de 30 dias para ela desocupar o imóvel, bem como demolir e remover qualquer edificação que tenha feito. De acordo com a carta, a ocupação se deu de maneira precária e ilegítima, e a casa se encontra ocupada irregularmente. “Não havendo nenhuma providência, Furnas tomará as medidas judiciais necessárias, cujas despesas com honorários advocatícios, custas processuais, custos para demolições de construções e interrupção de fornecimento de energia serão de sua responsabilidade”, avisa o texto assinado por Ramon Alves Bernardes, gerente do Centro de Serviços Compartilhados.
Benedita não foi a única destinatária da carta enviada por Furnas. Moradores do Estreito e o advogado de alguns deles, Reginaldo Carvalho, calculam que entre 60 e 70 famílias também receberam a notificação e estão correndo risco de despejo.
Os moradores não pretendem cumprir a notificação e vão brigar na Justiça pelo direito de permanecerem no imóvel após uma vida de serviços prestados à empresa. “Estamos diante de uma situação extremamente grave. Furnas sequer está olhando para o lado social dos moradores. A dona Benedita, por exemplo, mora há 47 anos no local. É, no mínimo, injusto as famílias serem obrigadas a deixarem em 30 dias os imóveis onde estão há tantos anos. É injusto pelo lado social e legal”, disse o advogado Reginaldo Carvalho.
A associação de moradores do Estreito, que é um distrito de Pedregulho, vai se reunir nesta quarta-feira para definir uma estratégia de defesa. “Entraremos com medidas judiciais cabíveis para que as famílias possam continuar nas residências. Caberá à Justiça definir qual será o destino dos moradores. Acredito que será muito difícil tirá-los de lá. As famílias têm interesse em comprar os imóveis, mas Furnas vendeu para algumas pessoas e, para outras, não”, disse Reginaldo Carvalho.
O Comércio ligou cinco vezes para o gerente de Furnas que assina as notificações, mas a secretária disse que ele estava com o ramal ocupado e, depois, que estava em uma reunião e que não poderia atender. Ninguém da empresa retornou aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.
Fonte:gcn.net
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