quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

'A justiça dos homens demora e meus filhos precisam comer'


 
As filhas de Devair Timóteo e a viúva Jaqueline Ambrósio: família tenta se reconstruir em meio à dor
Desde a madrugada do último domingo, quando o sapateiro Devair Timóteo morreu, após um acidente na rodovia Cândido Portinari, sua família tenta entender o que aconteceu e lidar com a trágica perda que o acidente trouxe. O motorista que causou a fatalidade fugiu, mas foi identificado e, ontem, prestou depoimento à Polícia Civil. Sua versão (leia mais em texto nesta página) indignou a mulher da vítima que, ao lado dos filhos, tenta enfrentar a dor e reconstruir a vida.
 
Pai de três filhos e casado há 21 anos com a dona de casa Jaqueline Ambrósio dos Santos Timóteo, Devair estava com a mulher, os cunhados (ao contrário do que o Comércio publicou na edição de ontem, Devair não estava com seus sogros) e o filho caçula, de apenas 2 anos, no sábado, quando aconteceu o acidente. Felizes, voltavam de uma chácara, onde passaram o dia, quando o técnico em refrigeração - até ontem, desconhecido - bateu com sua caminhonete no VW Gol. “Estávamos no banco de trás, com nosso filho na cadeira, quando sentimos o forte impacto. Ele estava em alta velocidade e não consegui nem ver que veículo era. Com isso, giramos várias vezes na pista e só paramos depois de bater na mureta de contenção da rodovia”, explicou Jaqueline.
 
Assim que o veículo parou, a dona de casa constatou que o filho estava bem. O marido, contudo, se queixava de dores. “Pensei que estava tudo bem, já que todos estávamos conscientes. Mas, pelos estragos, não conseguimos sair do carro. O Devair até chegou a ‘apagar’ por uns instantes, mas logo recuperou a consciência e todos fomos levados ao hospital”, disse. 
 
Já na Santa Casa, Jaqueline ficou à espera de notícias do marido. Encontrou-se com ele no corredor do hospital, enquanto seguia para um exame e Devair para uma tomografia. “Foi a última vez que o vi. Estava entubado e, mesmo esperando que ele ficasse bem, sabia que ele não ia mais voltar. Perfurou pulmão, quebrou a bacia e sofreu muitos ferimentos. Depois, por volta de 2 horas, quando eu já estava em casa, veio a triste notícia de que ele morreu. Nosso alicerce, hoje, está enterrado. Só Deus para nos confortar.”
 
Motorista ‘fujão’
“Não sei se ele tem família, mas ele precisava ter um pingo de humanidade e consciência. Não cabe a mim perdoar e não quero mal para ele. Apenas justiça.” Foi assim que Jaqueline definiu o que pensa a respeito da fuga do técnico em refrigeração após o acidente. “O medo faz coisas, e eu entendo. Mas, então, por que não procurou a polícia depois de fugir ou pediu socorro? Ele tirou nosso alicerce e um ótimo pai e marido. Não é justo fazer isso e sair pela porta da frente da delegacia”.
 
Sem trabalhar, já que cuida do filho portador de necessidades especiais, Jaqueline também falou sobre o fato de, agora, a família estar sem seu provedor, já que as duas filhas, de 18 e 19 anos, estão desempregadas. “A justiça dos homens demora e meus filhos precisam comer. Temos de reconstruir nossas vidas, mas ele deve estar tranquilo, não é? E agora? O que será de nós?”

Fonte: gcn.net

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