Um problema que assola motoristas de Franca e traz riscos às pistas veio novamente à tona no fim de semana. No último sábado, um cavalo que estava solto na pista foi atropelado no trecho urbano da rodovia Cândido Portinari, perto do Jardim Vera Cruz, na pista sentido a Cristais Paulista. O motorista e os ocupantes do veículo que bateu no animal escaparam ilesos, mas o cavalo passou mais de cinco horas agonizando na via, enquanto o socorro da Autovias não chegava. Ele precisou ser sacrificado e seu caso expôs a fragilidade da cidade sobre como proceder quando há animais soltos em vias públicas e ocasionam acidentes.
Os casos de animais perambulando por ruas e avenidas de Franca são frequentes. Praticamente todos os dias, as emissoras de rádio da cidade recebem denúncias da população. Como a Prefeitura suspendeu o recolhimento desses animais, o risco de uma tragédia iminente é grande.
O acidente
A colisão aconteceu por volta de 19h30. O cavalo sofreu fraturas expostas nas patas e um profundo corte no pescoço. A Polícia Rodoviária e uma equipe da Autovias estiveram no local. Segundo o protetor Marcos Rosa, uma hora depois do acidente, os funcionários da concessionária disseram que não podiam fazer nada. “Só depois disseram que enviariam um veterinário, mas que ele demoraria por morar em Cajuru. Às 23h10, ele chegou no local e fez uma aplicação de sedativo”, disse.
Porém, o que deveria um alívio para o animal, tornou-se uma sessão de tortura. Ainda de acordo com Marcos, à meia-noite, o cavalo foi amarrado pelas patas e pescoço, sendo arrastado por um cabo de aço, e se debatia. “Ele raspou por debaixo de uma cerca de arame farpado e suas patas enroscaram. Continuou sendo puxado como se fosse um objeto e, depois que o cabo estourou, ele teve uma das patas completamente mutilada.”
Depois de cinco horas, às 0h30, enfim, o cavalo foi levado para Brodowski, onde acabou sacrificado. Seu dono já foi identificado pela polícia e, nos próximos dias, será chamado ao 5º Distrito Policial para prestar esclarecimentos.
Repercussão
O acidente de sábado revoltou protetores e autoridades de Franca. Entre elas, o vereador Marco Garcia (PPS), que prometeu acionar o Ministério Público para que a Autovias seja responsabilizada. “O que aconteceu foi um absurdo sem precedentes. É inaceitável que a situação dos animais na cidade continue assim. Não precisamos esperar que as obras do Canil terminem. Basta um pouco de boa vontade e cuidados.”
Além de enviar um ofício ao MP, o vereador deve apresentar, na sessão da Câmara desta terça-feira, um requerimento para que o prefeito Gilson de Souza (DEM) resolva, em caráter de urgência, essa situação dos animais que ficam soltos em Franca. “Ele pode utilizar uma parte do Parque ‘Fernando Costa’ para abrigar esses bichos. O que não pode acontecer é assistir a uma cena dessas, de um animal agonizando e sofrendo, e não fazer nada. E quando pessoas começarem a morrer nesses acidentes?”, questionou Marco.
Resposta
O diretor da Vigilância Sanitária, responsável pelo recolhimento dos animais, Nelson Salomão, atribuiu esses constantes problemas à demora na finalização da obra do Canil. “A Prefeitura não tem lugar para colocar os animais que resgata, pois o Canil ainda não está pronto, e também não temos uma licitação com a empresa que fará esse recolhimento”, disse, em entrevista ao programa Hora da Verdade, da rádio Difusora.
Autovias diz que cumpriu procedimentos
Em nota enviada ao Comércio ontem à tarde, a Autovias afirmou que realizou todos os procedimentos que deveriam ter sido feitos. “A concessionária mantém à sua disposição um profissional veterinário para prestar auxílio em ocorrências envolvendo animais. Ele compareceu ao acidente em questão e realizou todos os procedimentos pertinentes à situação”, informou a concessionária, sem explicar as razões da demora no atendimento ao cavalo e a forma como ele teria sido socorrido.
Ainda de acordo com a nota, a Autovias faz campanhas de prevenção de acidentes envolvendo animais, faz monitoramento por câmeras e inspeção de tráfego. “Há a manutenção de cercas às margens das rodovias. Também é distribuída uma cartilha que detalha a importância de manter os animais cercados.”
A concessionária também foi questionada sobre a forma como conduziram o atendimento e socorro do cavalo, que foi sacrificado horas depois de agonizar na rodovia. Porém, não responderam essas indagações.
Fonte:gcn.net