PAI E FILHO PODEM IR A JURI POPULAR
POR ESPAMCAMENTO
Guilherme e seu pai são vistos nesta semana. Adolescente já consegue se levantar da cadeia de rodas
O juiz das Varas do Júri e Execuções Criminais, José Rodrigues Arimatéa, aceitou a denúncia por tentativa de homicídio qualificado feita pelo Ministério Público contra o sapateiro, 48 anos, e seu filho, borracheiro, 26. Eles são acusados de espancarem violentamente com um cabo de enxada o menor Guilherme Ferreira Gonçalves Silva,14. Com a decisão, os dois se tornaram réus na ação penal e poderão ser levados à júri popular. O motivo do espancamento foi a desconfiança de que a vítima teria participado do furto de galinhas criadas pelos acusados.
O caso se deu na madrugada do dia 24 de dezembro de 2014. O adolescente estaria recolhendo latinhas para reciclagem na avenida Dom Pedro, Vila Gosuen. Lá, teria encontrado dois colegas que estavam com um saco contendo galinhas. Minutos depois, eles foram abordados pelos homens em uma moto. Perguntados sobre o que estavam portando, os meninos saíram correndo e foram perseguidos.
A vítima foi alcançada logo depois. Estava só com as latinhas. Ele teria negado o furto das aves e disse que apenas havia encontrado os dois colegas na rua. Ouviu uma ameaça do borracheiro: “Já que você não sabe quem furtou as galinhas, vou buscar um pau e voltarei aqui para dar um coro em você”. A ameaça consta do depoimento dado pelo borracheiro dias depois da agressão.
Com um pedaço de pau encontrado em local próximo, eles voltaram. O menino fugiu, mas foi alcançado e jogado no
chão, onde passou a ser golpeado com socos, chutes e pauladas no abdômen, tórax e cabeça. Segundo relatos do agressor à polícia, foram tantos os socos no rosto que ele nem mesmo conseguiu contar. Quando notou que o menor estava desmaiado, o borracheiro cessou os golpes e ainda teria dito: “Vai, rouba lá em casa mais seu vagabundo”. O menor acabou socorrido e ficou internado 34 dias, 17 deles no CTI por causa do quadro de traumatismo craniano grave, hemorragia no tórax e infecção generalizada.
Com base no laudo realizado pelo IML (Instituto Médico Legal), que confirmou as graves lesões, a Polícia Civil indiciou pai e filho por tentativa de homicídio duplamente qualificada. “A intenção deles não era, simplesmente, dar um susto ou causar lesões no menino. Houve a intenção de morte do garoto”, afirmou o delegado Márcio Murari.
O promotor de Justiça Odilon Nery Comodaro seguiu o relatório apresentado pela polícia e fez a denúncia à Justiça. Ele afirmou que os autores assumiram o risco de matar Guilherme empregando meio cruel. “A vítima recebeu impiedosa e cruelmente golpes contundentes na cabeça. Os denunciados agiram motivados por futilidade ante a abissal desproporção entre o fato que os teria levado a procurar pela vítima e o resultado que provocaram. Ainda mais, em se tratando de furto de galinha e não tendo os agressores nem mesmo a certeza da autoria”, escreveu. “Ainda que, eventualmente, não tivessem a intenção de matar, os denunciados assumiram o risco de provocar tal resultado ante a brutalidade empregada”.
Esta semana, a Justiça recebeu a denúncia e deu início à instrução do processo criminal para decidir se os réus serão levados à júri popular. O advogado Sérgio Valletta Berfort, que defende os acusados, disse que não houve tentativa de homicídio. “O pai não estava, apenas o filho, mas ele não teve intenção de matar. É uma pessoa de bem. Esperou o socorro chegar e tem prestado assistência à família”. A Polícia Civil não encontrou nenhuma prova ou testemunha de que Guilherme tivesse participado do furto das galinhas.
Fonte:gcn.net.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário