O empresário Mario Spaniol, dono da Carmen Steffens e do curtume Couroquímica, foi levado no início da manhã de ontem pela Polícia Federal para prestar depoimento na sede do órgão em Ribeirão Preto. A ação se deu em cumprimento ao mandado de condução coercitiva (de forma obrigatória), expedido pela 2ª Vara Criminal Federal de Sorocaba, em função da Operação Flórida deflagrada pela PF daquela cidade. O objetivo da operação é desmantelar uma organização criminosa que enviaria cerca de US$ 10 milhões em dinheiro ilegalmente para o exterior por mês.
De acordo com vizinhos, os policiais chegaram à casa de Spaniol por volta das 6 horas da manhã e permaneceram no local por cerca de uma hora. Posteriormente, o empresário e o gerente financeiro da empresa foram conduzidos à sede da PF em Ribeirão Preto, onde prestaram depoimentos e foram liberados.
A operação
Cerca de 200 policiais federais foram mobilizados para cumprirem nove mandados de prisão, 49 mandados de busca e outros 33 de condução coercitiva nas cidades paulistas de Sorocaba, São Paulo, Itapetininga, Itu, Indaiatuba, Araçoiaba da Serra, Salto de Pirapora, Guarujá, Itapeva, além de Franca.
Segundo o delegado federal e chefe do serviço de inteligência da PF de Sorocaba, Valdemir Latance Neto, as investigações começaram em abril do ano passado após o Serviço Secreto dos Estados Unidos desconfiar de três empresas norte-americanas, sediadas no Estado da Flórida, controladas por um empresário de Sorocaba.
“Grandes empresários interessados em enviar altas quantias em dinheiro para o exterior, para fugir do controle do Estado, se valiam de um esquema criminoso de evasão de divisas levado a efeito por essa organização criminosa, que usava documentação falsa de empresas de fachadas sediadas na cidade de Sorocaba e no Estado da Flórida (EUA)”, disse Latance à TV Tem, afiliada da Rede Globo de Sorocaba.
Ele explicou que o dinheiro era enviado de Sorocaba para a Flórida e, posteriormente, encaminhado à China para o pagamento de fornecedores dos empresários brasileiros. O suspeito de chefiar todo o esquema está preso e seria o dono de uma casa de câmbio em Sorocaba.
Ainda de acordo com Latance, a suspeita é que o interesse dos empresários seria esconder a origem, “possivelmente ilícita”, do dinheiro enviado ao exterior, além de pagar menos tributos. A PF estima que a organização criminosa movimentava cerca de US$ 10 milhões por mês.
Os suspeitos são acusados de crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro, constituição de organização criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso.
‘Não temos nada a temer’
A reportagem do Comércio esteve na sede da Carmen Steffens na tarde de ontem, mas o empresário Mario Spaniol se recusou a dar entrevista ao jornal. À EPTV, segundo matéria do Jornal da EPTV 2ª edição de ontem, negou envolvimento no esquema criminoso.
“Eles (os policiais) falaram que vieram fazer uma busca e apreensão. Eu falei: ‘Ok, pode revistar a casa inteira’. Olharam tudo, levaram só a escritura de uma casa da minha esposa, mais nada. Aí disseram: ‘Você vai ter que me acompanhar para Ribeirão Preto’. A gente foi junto e fizemos um depoimento lá. Eu não conheci ninguém daquelas pessoas, nem sabia que operação era... Também eles não esclarecem”, disse Spaniol à afiliada da Rede Globo de Ribeirão Preto.
“Nós somos uma empresa que gera 12% dos empregos de Franca na área do calçado, nós crescemos consideravelmente nos últimos anos, porque nós trabalhamos muito... Não temos nada a temer”, completou o empresário à EPTV.
Fonte: gcn.net.br