Com economia travada, fábricas demitem ou reduzem jornadas à espera de pedidos
Tudo parado em fábrica de Franca: segundo o Sindicato dos Sapateiros, mais de 500 trabalhadores do setor estão em férias forçadas
A queda no número de pedidos, em decorrência da desaceleração da economia, tem levado fábricas de calçados de Franca a dar férias coletivas aos empregados ou a reduzir a carga horária. Segundo levantamento do Sindicato dos Sapateiros, mais de 500 trabalhadores do setor estão em férias forçadas na cidade em
decorrência desse cenário. Se contar as fábricas, são ao menos dez empresas de pequeno e médio portes com as produções paralisadas.
À espera de um aquecimento no consumo, a fábrica Carolina Martori, que produz calçados femininos, é uma das que estão paradas. Segundo a diretora Ana Carolina Bérgamo Martori Tuccinelli, o recesso ocorre há duas semanas devido à escassez de pedidos. “Caiu para todos, e para nós não foi diferente. Estamos esperando ter um acúmulo, pois não compensa ficar com apenas 50% da produção ativa”, disse.
Com 38 funcionários e uma produção de 200 pares por dia, a fábrica existe desde 2000 e pela primeira vez resolveu suspender os trabalhos no meio do ano. “Em anos anteriores, houve ocasiões em que não paramos, trabalhamos direto até o Natal. Agora, porém, não foi possível. Há regiões em que as vendas estão mais difíceis e quem está comprando, compra em menor quantidade”, disse Ana Carolina.
Sem previsão de como serão os próximos meses, o gerente de produção da fábrica Sr. dos Pés, Ocimar Peres Fontela, diz que ficou sem receber pedidos durante 15 dias, o que o obrigou a suspender o corte e o pesponto por uma semana no mês passado. “Estamos reduzindo o preço do sapato para poder ter saída e, mesmo assim, agosto ainda é uma incógnita. Estou temeroso.”
Além das empresas em férias coletivas, o assessor do Sindicato dos Sapateiros, Luís Borges de Lima, afirma que há muitos casos de acordos para redução dos dias de trabalho ou mesmo da carga horária diária. Em vez de trabalharem de segunda a sexta-feira, muitas têm encerrado a semana na quinta-feira.
O diretor da Calçados Shelter, Marcel Braganholo, parou o corte por 15 dias e também não tem boas expectativas para os próximos meses. “Os representantes estão reclamando, pois as vendas estão em baixa”, disse o empresário que produz 800 pares por dia e tem 120 funcionários.
Com abertura na próxima segunda-feira, a 47ª Francal (Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios), em São Paulo, considerada uma das principais feiras do setor, é a grande aposta para que as produções voltem a operar e os sapateiros retornem ao trabalho. Para o presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), José Carlos Brigagão do Couto, a feira será um termômetro de como se comportará o segundo semestre. “A situação está dessa maneira em decorrência da crise. Acreditamos que devido às liquidações do comércio, os lojistas vão desovar estoques e encher as fábricas de pedidos.”
Brigagão afirmou que os acordos de jornada de trabalho, compensação de horas extras ou mesmo as férias coletivas, apesar de demonstrarem um enfraquecimento da produção, ainda é melhor que o desemprego. “É um prazo para que haja reação do mercado”, disse.
De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), Franca perdeu, somente no último mês de maio, 442 vagas no setor. Foi o pior resultado para o mês dos últimos sete anos, segundo levantamento do sindicato patronal.
Fonte: gcn.net.br
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