terça-feira, 19 de maio de 2015


A REDUÇÃO EM 13 METROS DO NÍVEL DO RESERVATÓRIO DE PEIXOTOS TEVE INÍCIO HÁ UM ANO, E MESMO DEPOIS DESTE TEMPO E DAS CHUVAS QUE CAÍRAM NO VERAO, NÍVEL DAS ÁGUAS NÃO SE RECUPEROU E PREJUÍZOS PERSISTEM

Municípios somam prejuízos

VALÉRIA FALEIROS FERNANDES
Da Redação
Folha da Manhã (Passos/MG)


PASSOS - Um ano após Furnas Centrais Elétricas e o Operador Nacional de Sistema (OMS) anunciar que seria realizada uma redução de aproximadamente 13 metros no nível do reservatório da Usina Mascarenhas de Moraes, os municípios banhados pela represa conhecida como “Peixotos” falam sobre os prejuízos sofridos e dificuldades enfrentadas nesse período.

De acordo com infor­mação obtida pela Folha, a decisão de baixar o re­servatório foi mesmo co­locada em prática a partir de agosto de 2014. No final do ano passado, a represa já havia perdido 11 metros do seu nível, apresentando em várias partes o solo. No último mês, segundo os prefeitos das cidades atin­gidas, houve uma ligeira recuperação de cerca de dois metros e meio, porém a situação na represa ainda é crítica.

O vice-prefeito de Cás­sia, Donizete Vilela (PP), conta que a situação dos municípios banhados pelo reservatório ficou muito complicada. Seis cidades foram atingidas diretamente pelo problema: Delfinópolis, Cássia, Ibiraci, Claraval, Passos e São João Batista do Glória. “A situ­ação em Cássia é péssima. A redução no nível afe­tou vários setores, desde a construção civil, o turismo, a saúde, até na arrecadação. Tivemos uma queda muito grande de receita, principal­mente no que diz respeito aos royalties da água”.

Donizete é também co­merciante, proprietário de uma empresa de produção de cerâmica. Segundo ele, as obras de construções e empreendimentos na beira da represa pararam por completo. “Antes vendia muitos tijolos para obras naquela região, agora as vendas caíram aproxima­damente 80%”, contou.

O movimento de turis­tas, que aquecia o comércio e fazia girar a economia em Cássia, também foi duramente afetado. “A ci­dade perdeu demais com o turismo e piscicultura. Furnas simplesmente tomou a decisão argumentando que o reservatório de água foi feito para gerar energia. Não tivemos como fazer nada. Agora só o tempo para re­cuperar o que foi perdido”, completou Donizete.

Balsas

No caso do prefeito de Delfinópolis, um dos prin­cipais municípios afetados, as dificuldades também foram várias, começando pelo transporte de balsa que leve que ser todo reformu­lado, desde ancoradouros até troca de hélices e peças das máquinas, que passa­ram a quebrar com maior frequência, já que o nível da represa ficou muito bai­xo. “Tive que investir em iluminação nos portos para ficar mais fácil a movimen­tação das balsas durante a noite. Várias vezes tivemos problemas com ela agarran­do no solo”, contou.

Pedro Paulo Pinto co­menta ainda sobre as perdas nos royalties da água, que ele considera as mais significativas. Delfinópolis viu seus recursos hídricos diminuírem cerca de 60%. Até mesmo o ITBI (Im­posto Sobre a Transmissão de Bens Imóveis) sofreu desaceleração por conta da paralisação nas negociações de ranchos e terrenos na beira da represa.

Conforme o prefeito, hoje é raro algum tipo de negociação de terras naquela área. Antes da baixa, o cenário era completamen­te diferente, com grande aquecimento de empreendimentos no local. “Os re­flexos dessa queda no nível do reservatório foram só negativos. Não ganhamos nada, pelo contrário, só perdemos e as perdas foram muito grandes”, desabafou.

Pedro Paulo destaca que o único suporte dado por Furnas vem sendo em relação à manutenção das balsas. “Estamos aguar­dando ajuda também com a doação de pedriscos para arrumar a entrada nos portos, porém essa ajuda ainda não chegou”.

Delfinópolis enfrenta problemas com dengue

Com a redu­ção no nível do reservató­rio, o esgoto no município de Delfinópolis passou a ficar a céu aberto. “No ano passado a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) iniciou obra para tratamento do esgoto, porém os traba­lhos foram paralisados.

“Já procuramos de todas as formas fazer a empresa retornar a obra, mas até agora nada. O prazo é até 2016. Isso também nos preocupa muito porque o município vem enfren­tando problema grave com a dengue, e tudo isso é consequência da baixa do reservatório", declarou.

Em contato que teve recentemente com Furnas, foi sinalizado ao prefeito Pedro Paulo que o reser­vatório vai voltar a subir num futuro próximo cerca de sete metros. “Estamos com essa esperança, mas não podemos criar grandes expectativas na população e depois acabar frustrando-a". Como não há uma programação elaborada por pelos órgãos responsáveis pela geração de energia elétrica - Furnas e ONS - todos os prefeitos esperam mesmo é por uma mudança climática que venha trazer um volume mais acentuado de chuvas e recuperação dos recursos hídricos.

Fonte: Jornal Folha da Manhã (Passos/MG)


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