sexta-feira, 8 de julho de 2016

Mulher morre após passar pelo PS Municipal de Franca por 3 vezes


Denise Pimentel: ‘Minha filha não vai voltar, mas pelo menos isso não vai acontecer com mais ninguém’
FRANCA - A família da pespontadeira Daniela Rodrigues Pimentel está revoltada. Ela morreu no dia 1º de maio após passar por três vezes pelo Pronto-socorro Municipal. Segundo sua mãe, ela teria sido maltratada pelo médico e liberada mesmo sentindo fortes dores. Um mês depois, ela morreu de aneurisma cerebral.
 
Denise Elisa Pimentel, mãe de Daniela, conta que no início de abril sua filha começou a sentir fortes dores de cabeça. “No começo, achamos que fosse nada sério. Mas, como não passava, resolvemos ir ao pronto-socorro.” Já na primeira visita ao PS, Daniela teria sido maltratada. “Ela estava com dor de cabeça e na região dos rins. Entramos no consultório. O médico perguntou o que ela tinha e ela respondeu. Mas ele nem esperou terminar e já disse: ‘Para mim, isso aí está mais para maconha que para doença’. Nem a examinou direito. Só deu um remédio para pressão que estava alta e a mandou para casa mesmo com dor.”
Como as dores não foram embora, no dia seguinte, Daniela voltou ao PS. “Tivemos o azar de sermos atendidas pelo mesmo profissional que, com a mesma grosseria, mandou ela tomar soro e a liberou. Mas antes, pediu que a gente voltasse na manhã seguinte que ele ia ver se a internaria. Quando perguntei o que ela tinha, ele não me respondeu.”
 
Na manhã seguinte, antes das 7 horas, as duas já estavam no PS. “Lembro que o médico até ficou bravo de termos voltado tão cedo. Ele pegou uns papéis e disse que ia interná-la. Não me falou onde ou por quê. Entramos na ambulância sem saber nada.”
 
A ambulância, segundo Denise, parou em frente ao Hospital “Allan Kardec”. “Levei um susto. Minha filha também. Então, expliquei que ela não tinha problemas psiquiátricos, que estava com dores. Aí, o médico que a recebeu disse que ela podia ir embora. Nós fomos.”
 
A mãe decidiu, então, procurar uma médica particular. “A médica disse que ela tinha sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e pediu vários exames, mas ela nem conseguiu fazer.”
 
Em uma tarde no final de abril, Daniela estava em casa com a filha de 13 anos quando começou a passar mal. “Eu cheguei e ela estava sem se mexer. Chamamos o Samu e ela foi internada na Santa Casa e depois no Hospital São Joaquim. Não resistiu e acabou morrendo no dia 1º de maio. Tenho certeza de que, se o médico do Pronto-socorro tivesse examinado direito minha filha, hoje ela estaria viva”, disse.
 
Denise diz que, por conta do tratamento recebido no PS, a própria Daniela chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o médico. “Agora que ela morreu, já contratei um advogado e vamos procurar a Justiça. Minha filha não vai voltar, mas pelo menos isso não vai acontecer com mais ninguém.”
 
Para Denise, o mais difícil tem sido lidar com a neta. “Não sei como vai ser sem a mãe dela aqui. Era a Daniela que fazia tudo. Está muito complicado sem ela.”
 
Investigação
O Comércio procurou o médico, que é de Ribeirão Preto, para comentar o caso. Mas no Hospital das Clínicas de Ribeirão, onde é residente em cirurgia, ele não foi encontrado.
 
Na Secretaria Municipal de Saúde, o chefe da pasta, José Conrado Netto, informou que o caso da morte de Daniela já está sendo investigado pela Comissão de Revisão de Prontuários e Óbitos. “Assim que for emitido parecer conclusivo sobre o caso, a situação será encaminhada para os órgãos competentes tomarem as medidas administrativas cabíveis”, disse Conrado.

Fonte:gcn.net

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