domingo, 10 de julho de 2016

Polícia investiga suposta agressão e injúria racial contra estudantes em Passos

Policiais militares teriam torturado e chamado jovens de macaco em Passos. PMs afirmam que foram ameaçados; Polícia Civil abriu inquérito no caso.


A Polícia Civil investiga um suposto caso de agressão e injúria racial em Passos (MG).  Dois jovens que participavam de uma festa dizem que foram torturados e chamados de "macaco" por policiais militares. Já os policiais afirmam que foram ameaçados.
O barulho de uma festa de estudantes em uma rua de Passos, no sábado (2), incomodou os vizinhos, que chamaram a Polícia Militar. Imagens de uma câmera de segurança na rua mostram os policiais na frente da casa e um jovem deixando o local, mas não é possível identificar muita coisa.
Os militares afirmam que foram recebidos com vaias e uma garrafa teria sido atirada em uma das viaturas. Os primos Reginaldo Santana Júnior e Pedro Paulo Júnior, que estavam na festa, dizem que foram agredidos.
Estudante mostra marcas de suposta agressão de policiais em Passos, MG (Foto: Reprodução EPTV)Estudante mostra marcas de suposta agressão de policiais em Passos, MG (Foto: Reprodução EPTV)












Eles alegam também que um terceiro jovem foi dispensado pelos policiais. "Ele virou pra um amigo nosso e falou que era pra ele correr e deixar só os dois macacos, e já começou a bater na gente enquanto a gente estava de costas", conta Reginaldo.
Nas costas de Reginaldo, ainda aparecem as marcas das lesões que teriam sido causadas por cassetetes. Fotos feitas no dia mostram hematomas nas costelas e pernas de Reginaldo. Eles dizem ter apanhado durante três horas.
"Eu virei o braço pra correr, acertou de raspão no rosto do outro policial, eles viraram e falaram que iam me matar. Aí eu saí correndo até lá embaixo na rua e eles foram batendo com os cassetetes até eu cair", conta Reginaldo.
Estudantes teriam sido chamados de macaco e agredidos por policiais em Passos (Foto: Reprodução EPTV)Estudantes teriam sido chamados de macaco e
agredidos por policiais (Foto: Reprodução EPTV)
"Eles [colocaram] nós dois no camburão e 'tacaram' spray de pimenta até eu passar mal sufocado, eu não estava conseguindo respirar, porque eu tenho problema de respiração", completa Pedro.
O estudante foi liberado pelos policiais e Reginaldo, levado a uma unidade da Polícia Militar, onde um boletim de ocorrência foi registrado.
"Esse boletim de ocorrência diz que após uma perturbação da tranquilidade, os policiais militares teriam sido agredidos verbalmente por alguns adolescentes, bem como um deles teria jogado uma garrafa contra a viatura policial. Diante dessa agressão sofrida pelos militares, eles teriam dado voz de prisão aos indivíduos e esses teriam atacado os militares de forma bastante ofensiva", explica o major da PM, Célio César.
Investigação
O estudante foi levado para uma unidade de pronto atendimento em Passos. O médico de plantão naquela noite teria afirmado que ele não tinha nenhum ferimento. A versão foi apresentada na delegacia horas depois, mas o delegado responsável pelo caso desconfiou e iniciou uma investigação, já que ele mesmo viu que o rapaz estava ferido.
Polícia Civil investiga suposta agressão e injúria racial em Passos (Foto: Reprodução EPTV)Polícia Civil abriu inquérito para investigar o caso
(Foto: Reprodução EPTV)
"As lesões só foram constatadas através do médico legista da Polícia Civil", explica o delegado Felipe Capute. Com o laudo médico e relatos de uma testemunha, a Polícia Civil abriu um inquérito por tortura associada ao racismo. "A pena pode chegar a até 8 anos, no seu tipo fundamental, e tem um acréscimo, uma fração de até um terço por ter sido praticada por funcionário público", completa Capute.
Os militares continuam trabalhando e uma investigação interna vai ser aberta na PM. "Pode chegar até à suspensão no caso dos militares venham a comprovar suas faltas", completa o major César.
A secretária de Saúde de Passos, Angelita Orsolini, disse que a secretaria ainda não foi informada do caso, mas que, ficando comprovada qualquer irregularidade nos atendimentos, o caso será apurado pela secretaria.
Fonte: g1.globo.com/mg/sul-de-minas

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