sábado, 21 de março de 2015

FRUTICULTURA EM DELFINÓPOLIS  21 ANOS

Clique para obter OpçõesA história da bananicultura em Delfinópolis iniciou-se em 1993. Procurou-se a cultura como alternativa de cultivo ao café, que na ocasião atingiu níveis recordes de baixa – pouco mais de 40 dólares a saca. Em outubro de 1993, a partir da iniciativa de 9 produtores, da Emater e da prefeitura municipal uma área de aproximadamente 20 hectares foi plantada.

O início foi muito difícil como é normal no início de qualquer atividade, dado que anteriormente nada havia de fruticultura comercial no município. Também não se contou com nenhum incentivo principalmente no que se refere a crédito rural. Dificuldades ocorreram também na comercialização e no domínio da tecnologia. Entretanto algumas características  de Delfinópolis favoreceram a atividade que, a partir deste início modesto, se transformou no principal componente da agropecuária do município. Além do cultivo da banana, a pecuária leiteira, os cultivos de soja, milho, a pecuária de corte, a cana e a cultura do café, nesta ordem de valor, são componentes importantes da economia rural de Delfinópolis.

Hoje 75 produtores cultivam uma área de 1.962 hectares, sendo 1.488 em produção e 374  em formação. A produtividade média está em torno de 24.700 kg por hectare e a estimativa para 2015 é de uma produção de 36.800 toneladas no valor de 37 milhões de reais.  A principal variedade plantada é a prata-Anã.Segundo o engenheiro agrônomo Sávio Marinho, do escritório da Emater em Delfinópolis, também bananicultor, algumas características do município contribuem para o desenvolvimento da fruticultura: O clima sem excessos, topografia, solos adequados desde que corrigidos e fertilizados e disponibilidade de água para irrigação. 

O município é banhado pelas águas do Rio Grande represadas pela Usina Mascarenhas de Morais. Outra grande vantagem que o município (neste caso a região) apresenta é a proximidade dos mercados consumidores, principalmente em relação a outros pólos frutícolas, como por exemplo, o norte de Minas, o litoral catarinense, o norte capixaba e o sul da Bahia. Afinal o frete é um componente importante do custo final da mercadoria. 


Os problemas climáticos – seca no norte de MG e nordeste do Brasil, frio nas regiões produtoras de São Paulo e Santa Catarina tem levado produtores destas regiões a investirem na fruticultura do município. O exemplo, desde 2009 aos produtores locais veio se juntar o grupo Brasnica – maior produtor nacional de banana prata – que hoje já conta com área em produção de 287 hectares e deve produzir neste ano 7.200 toneladas, o equivalente a 360.000 caixas de 20 kg.



Aproximadamente 80 por cento da área plantada com banana no município é irrigada por micro aspersão.
O sucesso da cultura em Delfinópolis não passou despercebido nos municípios vizinhos, hoje 4 produtores de Cássia, com  área de 96 hectares, também se dedicam à bananicultura. Também já encontramos produtores nos municípios de São João Batista do Glória, Pratápolis e Claraval.
Uma peculiaridade e motivo de orgulho para os pioneiros na atividade foram a ausência de recursos externos para implantação. Existem vários exemplos no Brasil de projetos de fruticultura, exitosos ou não, em que o processo se deu através da aplicação de recursos públicos (em parte a fundo perdido) no assentamento de produtores, implantação das lavouras, irrigação e obras de infraestrutura. No caso de Delfinópolis o único incentivo foi o da prefeitura que forneceu o carreto do calcário e das mudas para o primeiro plantio em 1993. Sequer financiamento bancário para investimento e custeio houve. Como eram uma cultura nova na região os agentes financeiros, talvez acertadamente, evitaram colocar recursos antes de se certificarem da viabilidade da mesma. Somente a partir do ano 2000 o Banco do Brasil passou a fazer os primeiros custeios para a bananicultura. Destaca-se também o fato de se ter partido do nada, até então não havia sequer uma fração hectare de plantio comercial.


Ao longo de todos estes anos tecnologias próprias foram geradas. Após muita experimentação, acompanhada de análises laboratoriais de solos e tecido foliar, chegou-se a um padrão de recomendações de adubação adequados ao município e à produtividade. 

A Emater presta assistência aos produtores nas várias etapas do processo de produção. Também é responsável pela emissão dos Certificados Fitossanitários de Origem, sem os quais a produção não pode ser comercializada. Além disto faz também a documentação para obtenção da Outorga de Uso da Água, necessária para a implantação dos projetos de irrigação.
Delfinópolis se transformou em referência regional no setor, sendo comum receber visitas de produtores de outros municípios, estudantes de agronomia e técnicos da região e hoje é o quarto maior município produtor de banana do estado.


A fruticultura é atividade que gera receita elevada por área, portanto é adequada às pequenas propriedades e faz uso intensivo de mão de obra: em média cada três hectares de banana gera um emprego direto. E no caso do cultivo da banana, ao contrário de outras atividades agrícolas, a demanda por mão de obra apresenta pouca sazonalidade, ou seja, é mais ou constante ao longo do ano.
Entretanto os riscos são maiores. Pragas e doenças têm que ser controladas adequadamente. Os cuidados na colheita (beneficiamento, embalagem) e pós-colheita são muito maiores do que comparados aos necessários na produção de grãos. Os custos de formação e manutenção são elevados. Para implantar um hectare de banana se gasta em torno de R$6.000,00, sem contar o custo com irrigação que acrescenta mais 6.000,00 a 8.000,00, dependendo da área mais gastos com implantação de casa de embalagem e maquinário. O custeio de um hectare com idade acima de dois anos fica em torno de 12.000,00 por ano.

A lucratividade tem estado bem acima do obtido na maioria das explorações agropecuárias e, em virtude disto, nos últimos anos a área plantada tem se expandido a um  ritmo superior a 20% ao ano.



Fonte: Emater Delfinópolis


 

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