Há dois meses, Maurício Morelato, de 37 anos, é o responsável por gerenciar o maior shopping de Franca e região por onde passam por mês cerca de 500 mil pessoas. O Franca Shopping completa no ano que vem 23 anos de existência com um volume médio de vendas de R$ 16 milhões mensais.
Mesmo diante da crise, os planos de expansão anunciados em 2013 foram mantidos. “Infelizmente por causa da crise tivemos que transferir a previsão de entrega para 2017. Mas não desistimos do projeto e estamos empenhados em buscar investidores”, disse Maurício.
Para 2016, uma reforma no telhado do empreendimento deve começar no próximo dia 4 de janeiro. “Queremos construir um sobreteto que acabará com os problemas causados pelas chuvas de verão no ano passado. Será uma obra grande que deve levar quatro meses para ficar pronta”.
O superintendente evitou falar em números mas garantiu que tem cartas na manga para aumentar ainda mais o volume de visitantes principalmente durante a semana. Segundo Maurício, estão sendo preparadas atrações e promoções para que as pessoas visitem o shopping durante a semana.
Maurício é formado em Direito e Administração. Antes de vir para Franca, onde mora há dois meses, administrou unidades do Grupo Sonae Sierra em São Paulo (Shopping Plaza Sul, na região do Ipiranga) e em Uberlândia (no Uberlândia Shopping).
Estamos chegando ao fim de um ano difícil em termos econômicos e políticos. Qual o balanço que o senhor faz de 2015 no Franca Shopping?
De fato não tem sido um ano fácil. Estamos enfrentando um ano desafiador, que nos tem obrigado a nos desdobrarmos para encontrar soluções rápidas para problemas diferentes para conseguir buscar o resultado final do empreendimento que é o faturamento em vendas. Infelizmente como somos uma companhia de capital aberto (a Sonae Sierra que administra o shopping tem ações negociadas na Bolsa de Valores) somos impedidos de divulgar números ou valores. Então, não posso falar sobre expectativa ou metas. Mas nós temos sim nosso planejamento que devemos cumprir em 2015.
Não podemos falar em números, mas, para o Franca Shopping, 2015 foi um ano bom ou ruim?
Acho que diante de todo esse cenário de crise, até que nos saímos muito bem. Conseguimos manter a ocupação das lojas. Isso é uma grande conquista porque quando há a vacância, a loja desocupada, temos o trabalho de ir buscar um novo lojista e ainda temos que arcar com os custos daquele local. Continuamos com 102 lojistas instalados.Também não registramos queda na média de público, que mantivemos em torno de 500 mil pessoas por mês. A crise afetou apenas o faturamento em vendas que foi um pouco menor que no ano passado. Mas não tivemos nenhuma queda assustadora.
Quais são as metas e expectativas para o ano que vem?
Como te disse, não posso citar valores. Mas uma das coisas que vamos batalhar é para aumentar a visitação do shopping durante a semana. Nos fins de semana, nossa média de público tem sido excelente, a ponto dos clientes se queixarem da falta de vagas no estacionamento, por exemplo, mas durante a semana ainda podemos melhorar. Para isso, vamos continuar investindo em atrações e promoções que incentivem as pessoas a irem ao shopping fora do fim de semana. Também queremos continuar mantendo nossa taxa de ocupação e melhorar a qualidade dos serviços que oferecemos.
Em 2013, foi anunciado um plano de expansão para o Franca Shopping, que previa investimentos na ordem de R$ 96 milhões com a abertura de 69 lojas. A previsão inicial era a de que as obras fossem entregues no primeiro semestre de 2015. Mas até agora não saíram do papel. O que houve? O plano ainda está de pé?
O que houve foi o agravamento dessa crise econômica. Infelizmente, para que possamos iniciar as obras de expansão, precisamos que os novos espaços, que no caso de Franca seriam 69 lojas, estejam negociados e ainda não conseguimos isso. Estamos trabalhando duro, já fechamos com grandes redes, as chamadas lojas âncoras, mas ainda temos que preencher o restante dos espaços por isso adiamos o início das obras e a inauguração para 2017. Não é viável inaugurar uma expansão se não tiver todos os espaços preenchidos, não faz sentido.
O senhor citou o contrato com alguns grandes lojas. Já pode revelar alguns nomes?
Sim. Entre os contratos já assinados está o com a Preçolândia, uma loja de departamentos que faz muito sucesso em São Paulo e no Grande ABC, a Saraiva Livraria e a AZ Games e Boliche. Temos outras também em fase de negociação.
No início deste ano, o shopping sofreu com as fortes chuvas de verão. Houve alagamentos e desabamentos em uma das lojas. Estamos novamente no período das chuvas, há planos para evitar problemas?
Que bom você tocar neste assunto. Estamos iniciando agora no dia 4 de janeiro uma grande obra de reforma. Vamos construir um sobreteto para reforçar as estruturas do shopping e acabar com os problemas oriundos das fortes chuvas. Deverão ser quatro meses de trabalho pesado e, quando for inaugurado, esse sobreteto terá resolvido as infiltrações. O valor do investimento infelizmente não poderei revelar.
O Franca Shopping foi um dos primeiros centros de compra a procurar a Justiça para acabar com os rolezinhos de jovens. O problema foi resolvido?
É verdade. Os rolezinhos foram um fenômeno que surgiram em algumas cidades, em especial em Franca. Registramos alguns problemas e obtivemos a liminar. Mas atualmente não estamos mais utilizando essa medida nem discutindo-a judicialmente porque não temos registrado nenhum incidente envolvendo adolescentes. Não é mais necessário esse tipo de medida. Nós tivemos problemas, sim. Registramos alguns incidentes. Mas foi no passado. Os adolescentes são muito bem-vindos ao Franca Shopping. O que fez a gente tomar um cuidado à época foi que um grupo pequeno tinha uma postura que nós entendemos pouco adequada para um shopping, como é o de Franca, que queremos que seja agradável para as famílias terem uma opção de lazer e fazerem suas compras. A liminar, na verdade, nem está mais vigente e não pretendemos ingressar com novas ações. Naquele contexto foi algo necessário, mas que hoje não faria mais sentido.
No ano passado, foram registrados casos de furto de bolsas e celulares na praça de alimentação do shopping. As vítimas reclamaram da falta de seguranças e de cooperação por parte da administração do shopping. Como o senhor vê essas afirmações e o que tem sido feito para melhorar a segurança?
Acabar com este tipo de ocorrência em um shopping do porte do de Franca com a frequência de público que recebe eu te diria que é uma missão quase impossível. É um desafio gigantesco. Essas ocorrências foram muito investigadas até para que pudéssemos desenvolver estratégias para que não fossem registrados mais fatos assim. Nossa equipe de segurança analisou os boletins de ocorrência e os detalhes dessas ações criminosas. Diante disso, conseguimos traçar um mapa com as áreas mais vulneráveis e reforçar a segurança nestes locais, não apenas com pessoas mas também com tecnologia de ponta e vigilância à distância. Mas vale dizer que se você olhar o volume de visitantes do shopping que gira em torno de 500 mil pessoas por mês e o número de furtos registrados no interior do empreendimento vai perceber que os casos são bastante raros. Não que não mereçam nossa total atenção, mas é que são ocorrências pouco comuns.
Além dos furtos, principalmente na área da praça de alimentação, algumas lojas do Franca Shopping registraram este tipo de ocorrência. Em uma delas, o ladrão chegou a dormir no interior das lojas. Isso não demonstra uma certa vulnerabilidade?
É preciso entender que no caso das lojas há dois tipos de segurança. A externa que é de responsabilidade da administração do shopping e a interna que é feita pela própria loja sob a qual não temos como interferir. No caso das lojas, nós tentamos entender como tudo aconteceu. Prestamos atenção na localização da loja, se ela tinha ou não sistema de segurança, como foi a ação criminosa, também com o objetivo de identificar em quais pontos podemos melhorar e ajudar. Eu não posso ser indelicado e até antiético de apontar falhas internas das lojas. Não é esse nosso papel. O que queremos é melhorar e evitar que novos furtos ocorram. Discutimos esses casos em conjunto, apontamos algumas sugestões para que haja um trabalho de cooperação com as equipes das lojas. Também melhoramos nossa vigilância eletrônica.
O senhor diria que o Franca Shopping é um local seguro?
Com certeza.