Um ano e quatro meses após fechamento, demitidos da Tenny Wee esperam receber
Do gcn
Empregados se reuniram no galpão da empresa Tenny Wee no dia da demissão em massa, em agosto do ano passado
Os cerca de 400 trabalhadores da falida Tenny Wee, que foram dispensados de uma só vez em agosto de 2014 pondo fim às atividades da fábrica de calçados, ainda buscam na Justiça seus direitos trabalhistas. Na ocasião, segundo funcionários, a notícia do fechamento do local foi dada pela da advogada do proprietário, Alexandre Henrique Ferreira, que não mais entrou em contato com os funcionários. A estimativa é a de que a dívida trabalhista alcance hoje o montante de R$ 5 milhões.
De acordo com o advogado Márcio Cunha, que acompanha a ação coletiva, embora os créditos tenham sido habilitados junto à Justiça do Trabalho, poucos conseguiram receber algum valor além do seguro desemprego e Fundo de Garantia equivalente ao que a empresa já havia depositado. “O que existe (para tentar ressarcir os ex-empregados) é uma medida cautelar que bloqueia bens e valores de várias empresas ligadas ao Alexandre. Conseguimos apurar a existência não só das pessoas jurídicas principais, que estão em seu nome, mas algumas em nomes de laranjas. Bloqueamos umas 16 empresas”, afirmou.
Ainda segundo o advogado, uma audiência marcada para 19 de abril, na Justiça do Trabalho, deverá definir se esses bloqueios serão revertidos ao pagamento dos funcionários. “Algumas pessoas (laranjas) alegam não terem ciência da abertura das empresas em seus nomes e pedem que seus bens bloqueados continuem em sua posse. Acho difícil não saberem de nada porque, para se abrir uma empresa, há documentos a serem assinados, contratos sociais e alguns, inclusive, confirmam o fato de terem recebido dinheiro do Alexandre. Mas isso a Justiça vai avaliar”, disse Cunha.
O Comércio tentou contato com a advogada de Alexandre, Luciana Figueiredo, na tarde de quinta-feira, mas o telefone não foi atendido.
À espera
Sheliga Cristina Aparecida de Carlo trabalhou por 14 anos na Tenny Wee, como supervisora de corte e preparação. Ela se lembra com detalhes do dia em que foram demitidos. “Já sabíamos que a fábrica não ia bem. O Alexandre (Ferreira, proprietário) fazia reuniões semanais com a gente e chegou a penhorar algumas máquinas, mas nunca falou sobre fechamento”.
Sheliga disse que no dia em que foram demitidos, o setor de pesponto havia parado, devido ao atraso da quinzena, mas o restante dos funcionários continuou trabalhando até haver um problema na Skill. “Essa empresa era do Alexandre e funcionava ao lado da Tenny Wee. A empresa que alugava maquinário para eles chegou recolhendo o que era dela porque o Alexandre não teria feito os pagamentos. Nesse momento, houve tumulto nas duas fábricas. Não conseguimos falar com o Alexandre porque naquela semana ele não tinha ido na fábrica e ninguém conseguia contato com ele”.
No fim da tarde, a advogada do empresário entrou em contato com o RH da empresa informando que cada funcionário deveria procurar por seus direitos. “Ficamos chocados. Uns choraram e outros se revoltaram ao ponto de ameaçar quebrar o maquinário, mas foram impedidos pelo pessoal do sindicato”.
A esperança de Sheliga é receber os valores que tem direito. “Saímos sem receber a quinzena e o acerto que, no meu caso, daria cerca de R$ 40 mil. Se eu conseguisse receber o que é meu por direito, quitaria minhas dívidas e recomeçaria do zero.”
Fonte:gcn.net
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