Radialista escreve carta de despedida para filho morto em acidente
O jornalista e radialista Hélio Rodrigues, que já trabalhou no Comércio da Franca e rádio Difusora, ambos do GCN, perdeu o filho em um acidente de trânsito na noite da última segunda-feira. Na manhã desta quarta-feira, ele divulgou em sua rede social uma carta em despedida.
Hélio Rodrigues stava em casa, em Pedregulho, na noite de ontem, quando recebeu uma ligação da nora dizendo-se preocupada com a demora do marido. Hélio, imaginou que carro do filho Hérick Rodrigues tivesse dado algum problema mecânico.
Ele saiu pela rodovia Cândido Portinari com a intenção de prestar socorro. Quando chegou no quilômetro 429, encontrou viaturas da polícia e dois carros destruídos. “Foi então que tive, como pai, uma das piores experiências da minha vida, que foi ver o filho já morto, dentro do carro ali, preso às ferragens”.
Leia o que escreveu Hélio:
Confortado e resignado pela força que vem de Deus, senhor do Céu e da Terra, sinto, ao começar escrever, que apesar da experiência de jornalista e radialista, que sempre usou das palavras no dia-a-dia, que não conseguirei traduzir a gratidão minha, da minha mulher Mônica e dos meus filhos, Hélisson, Hélen, Hálisson e Hévelyn, bem como de minha nora, Tamires e de meu neto Vinícius, a todos aqueles presentes e em pensamento, em orações ou através de mensagem, nos ajudaram a suportar a carga pela perda de nosso filho, irmão, ídolo e exemplo, Hérick Rodrigues.
Hélio Rodrigues stava em casa, em Pedregulho, na noite de ontem, quando recebeu uma ligação da nora dizendo-se preocupada com a demora do marido. Hélio, imaginou que carro do filho Hérick Rodrigues tivesse dado algum problema mecânico.
Ele saiu pela rodovia Cândido Portinari com a intenção de prestar socorro. Quando chegou no quilômetro 429, encontrou viaturas da polícia e dois carros destruídos. “Foi então que tive, como pai, uma das piores experiências da minha vida, que foi ver o filho já morto, dentro do carro ali, preso às ferragens”.
Leia o que escreveu Hélio:
Confortado e resignado pela força que vem de Deus, senhor do Céu e da Terra, sinto, ao começar escrever, que apesar da experiência de jornalista e radialista, que sempre usou das palavras no dia-a-dia, que não conseguirei traduzir a gratidão minha, da minha mulher Mônica e dos meus filhos, Hélisson, Hélen, Hálisson e Hévelyn, bem como de minha nora, Tamires e de meu neto Vinícius, a todos aqueles presentes e em pensamento, em orações ou através de mensagem, nos ajudaram a suportar a carga pela perda de nosso filho, irmão, ídolo e exemplo, Hérick Rodrigues.
Não cito nomes para não correr o risco de esquecer de alguém, mas cada um deles me abraçou e a cada um deles disse o meu obrigado de coração.Tudo foi surpresa para nós. Surpresa pelos milhares de amigos e anônimos que estiveram no velório e sepultamento do Hérick.Surpresos pelo fato de que o conhecíamos bem, o amávamos e os admirávamos, Hérick tinha feito muito mais além de nossas vidas.
Surpresos, por ver que ele, por onde passou, só deixou admiração, por sua simplicidade, disposição, amizade, alegria e companheirismo, não só entre colegas profissionais, como também entre uma multidão de amigos que a gente nem imagina, ele tinha.As horas de dor que passei ao encontrar o Hérick preso entre as ferragens do carro, logo depois do acidente, e a dor que tive ao dizer à Mônica e a Tamires, que ele havia partido subitamente foi se diminuindo aos poucos, porque sei que cada um dos meus fãs, admiradores e amigos, queriam compartilhar com a gente, esta dor indescritível, que hoje, sei, passa um pai e uma mãe ao ter que sepultar um filho.
Encontrei forças, para apenas em alguns momentos me revoltar. Para apenas em alguns momentos, lamentar. Encontrei forças para enfim, praticar aquilo que trago nas minhas orações de cada manhã e que sempre ensinei ao Hérick e aos meus outros filhos: resignar, perdoar e perseverar.
Hérick tinha tudo de Mônica, sua mãe. Era forte, vivia mais pelos outros do que para si mesmo.
Buscava passar para as pessoas, no sorriso largo, no otimismo e na perseverança, tudo aquilo que havia conseguido derrubar de barreiras que se apresentaram em sua vida, lá atrás, desde criança.
Eu e Mônica sabemos o porquê Hérick era assim. Porque insistia ser assim. Só nós sabemos.
Somos todos fortes, pelo que passamos na vida para constituir, formar e manter nossa família. Somos unidos na alegria e hoje continuamos ainda mais unidos em nossa dor.
À Mônica, meu obrigado por ter me dado um filho como o Hérick e como são os demais. Obrigado, Mônica, por ter provado mais uma vez, que não errei, já atrás, em 1986, a te pedir em casamento. São 29 anos, mas alegrias e nas dores como estas de agora, em que você me prova sempre, que é a pessoa mais admirável do mundo.
E Hérick era a sua semelhança. Espero que isso, como é para mim, seja a sua maior força.
Falar de Hérick é fácil e difícil. Fácil porque, mesmo nos momentos mais graves de sua curta existência, aprendeu, evoluiu, transferiu.
Difícil, porque era um amigo sempre próximo, me orgulhando por ter optado – sem que eu pedisse – seguir a mesma carreira que graças a Deus, escolhi aos 15 anos, e imagino ter sido vitoriosa.
Hérick pensava mais rápido que o dia a dia permitia. Cheio de ideias, era inquieto, impaciente e que tudo acontecesse de forma tão rápida quanto ele imaginava, sonhava.
Encontrou em Tamires, sua verdadeira alma gêmea. Sempre disse, que eles não deveriam ser marido e mulher. Deveriam ser irmãos, tal sua compreensão de um para outro, aceitação das coisas um do outro. Da cumplicidade.
De amigos que precisavam se ajudar em momento sentimental difícil, se apaixonaram, fizeram planos, se casaram. Tamires, como Mônica foi um exemplo claro de aceitação do outro: aceitou meu neto, Vinícius, como seu, assim como Mônica, há 29 anos, aceitou meu filho Hélisson como seu.
Mas isto é só um pouco do que era Hérick, do que era Tamires, do que somos nós, que brinco chamando de “Gang Malta Ribeiro”.
Minha dor de encontrar meu filho morto entre as ferragens, logo após o acidente, foi se amenizando na medida em que milhares de pessoas foram chegando ao velório do Hérick.
Foram anônimos eu que nunca tinha visto, mas me conheciam ou conheciam o Hérick. Foram centenas de amigos – alguns de muito longe – que vieram nos confortar.
Entre eles, alguns que não via há décadas, mas que no momento de dor de um amigo, tudo fizeram para ali estar e demonstrar sua solidariedade.
O que penso sobre política – quanto digo que disputa é como um jogo de veteranos que quando acaba a gente tem que ir todos para uma cervejinha e um bate-papo – também se confirmou: por ali passaram dezenas de prefeitos, ex-prefeitos, vices, ex-vereadores e atuais, colegas de imprensa.
Eles não nos deixaram um milésimo de segundo sequer, sozinhos em nossa dor.
Aos prefeitos e vereadores com quem o Hérick trabalhou, em Claraval, Cássia, Capetinga e Delfinópolis, empresas privadas para as quais ele prestou serviço, o muito obrigado de nossa família.
Todos ali estiveram e a palavra que mais ouvi foi do quanto o Hérick era uma pessoa especial, daquelas de que é difícil não gostar.
Aos seus amigos de infância, escola e futebol: como foi lindo ver a solidariedade e a admiração de vocês em relação ao nosso filho.
Aos meus amigos vereadores, ex-vereadores, ex-prefeitos e às primeiras damas de Franca, Pedregulho, Rifaina, Jeriquara, Cristais Paulista, Ribeirão Corrente, Itirapuã, Patrocínio Paulista e São José da Bela Vista, a minha eterna gratidão pela presença e manifestações.
Coroas de flores foram mais de 30. Das câmaras municipais, prefeituras, sindicatos, amigos, entidades. Uma me chamou a atenção: do “Grupo de Amigos Contra os Pedágios”.
Hoje passei mais de duas horas lendo as milhares de mensagens nas redes sociais e não consegui ver todas, mas o que vi me enche de orgulho e gratidão.
Pelo que Hérick foi e pelo que vocês todos viram nele e transmitiram a nós, familiares.
O Hérick havia se envolvido mais do que devia com o movimento contra os pedágios. Respirava o protesto noite e dia e nas notícias que tão bem já escrevia, assim que como superando o pai, que lhe ensinou um pouco de cada coisa do jornalismo.
Também no movimento contra os pedágios, foi intenso como era em tudo que fazia.
Também no movimento contra os pedágios, foi intenso como era em tudo que fazia.
Sua morte, na rodovia em que lutava para ser duplicada, sem pedágio, como prometeram, tem um simbolismo especial.
Hérick talvez tenha morrido para evitar que outros jovens trabalhadores honestos, pais de família, sonhadores, com um futuro pela frente, não encontrem o mesmo fim precoce que ele.
Às vezes sua intensidade, própria da juventude e de sua personalidade, precisava ser controlada um pouco pelo pai. Mas até as reprimendas Hérick sempre teve humildade de reconhecer e agradecer.
Hérick talvez tenha morrido para evitar que outros jovens trabalhadores honestos, pais de família, sonhadores, com um futuro pela frente, não encontrem o mesmo fim precoce que ele.
Às vezes sua intensidade, própria da juventude e de sua personalidade, precisava ser controlada um pouco pelo pai. Mas até as reprimendas Hérick sempre teve humildade de reconhecer e agradecer.
Ficaria aqui, horas e horas escrevendo sobre tudo isso. Mas sei que minha mensagem poderia ser compreendida com um simples obrigado por tudo.
Sei que o Hérick tá aqui comigo, ao meu lado, me vendo escrever isso tudo.
Vai estar ao lado de sua mãe que varou mais uma noite sem dormir e chorando.
Vai confortar seus irmãos que ainda choram sua partida. E vai abraçar sua querida Tamires, tendo ao colo a sementinha que ele nos deixou para provar que a vida continua: seu filho Vinícius.
Obrigado a vocês. Obrigado Deus!
Do gcn.net.br
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