sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

TJ proíbe manifestantes de paralisar rodovia no protesto contra pedágios


TJ proíbe manifestantes de paralisar rodovia no protesto contra pedágios
     Adérmis Marini disse que votou contra para não fechar portas e acabou questionado pelos colegas

O TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) decidiu, na noite dessa quinta-feira, proibir os manifestantes que preparam um novo protesto contra os pedágios que serão instalados na região, previsto para a tarde de hoje, na rodovia Ronan Rocha, de bloquearem o tráfego de veículos. A tutela recursal foi concedida menos de 48 horas depois de o juiz Fernando Gajardoni, de Patrocínio Paulista, negar liminar impetrada pela concessionária Autovias com o mesmo objetivo. 
 
Na decisão, o TJ reconhece o direito e a validade do protesto, mas impõe limites que, na prática, podem esvaziar a manifestação. O desembargador Osvaldo de Oliveira, relator do processo, estabeleceu que os manifestantes devem permanecer no acostamento e, em nenhuma hipótese, obstruir o tráfego de veículos.  
 
“Assim, diante do exposto, concedo a tutela para determinar que o movimento seja realizado apenas no acostamento, o qual deverá ser isolado, devendo a concessionária sinalizar, com antecedência mínima de cinco (5) quilômetros do local de ocupação, a existência de reunião, para diminuição da velocidade dos condutores.”
 
Na decisão, agora derrubada, o juiz de Patrocínio Paulista proferiu uma sentença contundente, que se baseou em promessas não cumpridas para autorizar a realização do bloqueio da rodovia por uma hora pelos manifestantes. “Sem que o protesto tenha algum impacto coletivo/público, não se chama a atenção para o grave problema nacional da dissociação entre o que se anuncia em campanha política e o que realmente é apresentado na prática”, escreveu Gajardoni, se referindo à promessa do governador Geraldo Alckmin e do deputado estadual Roberto Engler, ambos do PSDB, de que a rodovia Cândido Portinari seria duplicada sem a instalação de novos pedágios.
 
O desembargador pondera, porém, que “o bloqueio da rodovia, ainda que por um intervalo considerado proporcional para a finalidade da manifestação pública (60 minutos), refletiria sobremaneira no trânsito da região, o que poderia causar significativos prejuízos para toda a coletividade, quem sabe até excedendo os plausíveis motivos que supostamente levaram ao protesto”.
 
A mobilização está marcada para as 17 horas de hoje, no km 27 da Ronan Rocha, entre Franca e Patrocínio, onde deve ser instalado um pedágio.
 
Repúdio
Horas antes de a decisão do TJ ser publicada, a Câmara de Franca seguiu exemplo que vem sendo tomado pelos Poderes Legislativos da região e aprovou uma moção de repúdio contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pelo interesse em implantar as duas novas praças de pedágios. Os vereadores tucanos ou fugiram do plenário ou votaram contra.
 
A moção de repúdio, liderada pelo presidente Marco Garcia (PPS), deu entrada em regime de urgência após receber dez assinaturas de apoio. Vereadores ligados ao prefeito Alexandre Ferreira (PSDB) e ao governador tentaram barrar a votação. Luiz Cordeiro (PSB) propôs que as discussões fossem adiadas por seis sessões. Ganhou o apoio de Adérmis Marini (PSDB). 
 
“A moção de repúdio fechará o canal de comunicação com o governador. Tenho um bom canal aberto com ele e precisamos manter essa comunicação”, alegou Adérmis. “Se nem Roberto Engler (PSDB), que tem 25 anos como deputado, está conseguindo falar com o governador, não é vereador que vai conseguir”, ironizou Valéria Marson (PMB).
 
O pedido de adiamento foi rejeitado pelo plenário. Em seguida, o repúdio ao governador foi colocado em votação e recebeu nove votos favoráveis. Adérmis e Cordeiro votaram contra. Laercinho (PP), Jépy Pereira e Donizete da Farmácia, ambos do PSDB, deixaram o plenário. O presidente só votaria em caso de desempate.
 
“A moção de repúdio tem a finalidade de demonstrar a total insatisfação e descontentamento da nossa região com a instalação dos pedágios que, além de trazer prejuízo às cidades vizinhas, significará quebra de promessa, como bem destacou o juiz Fernando Gajardoni”, comentou Marco Garcia.
 
Adérmis voltou à tribuna para justificar o voto e fez um discurso contraditório em que disse ter “encabeçado” as discussões contra os pedágios em Franca. Foi desmentido por Daniel Radaeli (PMDB). 
 
“Todos nós sabemos que foi o Marco Garcia que trouxe este movimento para a Câmara. Temos que ter posicionamentos claros e não podemos ficar em cima do muro. Ou nós cuidamos dos nossos interesses ou, depois, vamos nos arrepender. Promessas foram feitas e não cumpridas. Ou o político vai ter palavra para encarar o cidadão da região ou acaba com a política”, disse Radaeli.

Fonte:gcn.net.br
 

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