sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Doméstica morre depois de ser atendida por falso médico em Franca-SP



Doméstica morre depois de ser atendida por falso médico

Viviane Trindade mostra a foto da mãe, Maria Aparecida da Silva, morta após passar por falso médico
A empregada doméstica Maria Aparecida da Silva, de 57 anos, morreu na manhã do dia 19 de agosto do ano passado. Hipertensa, na noite anterior, ela havia procurado atendimento médico no Pronto-socorro “Álvaro Azzuz”. Estava com dificuldades para falar e respirar. Sentia fortes dores no peito e na coluna. Foi atendida por um falso médico. 
Pablo do Nascimento Mussolin, que atuava no PS, contratado pelo ICV (Instituto Ciências da Vida), usando o nome e o registro de um médico verdadeiro, nem a tocou. Não solicitou exames. 

Mal ouviu as queixas de Maria. Receitou morfina, Rivotril e Profenid e a liberou. Maria resistiu até que o dia amanhecesse. Mas, às 6h40, quando ia para a farmácia em busca de ajuda, sofreu uma parada cardíaca. A doméstica morreu a caminho do PS.
A morte de Maria Aparecida foi a terceira envolvendo falsários. Ela morreu um dia depois do menino Miguel Schentl, de 1 ano, que foi atendido por um falso médico que se passava por Danilo Bringel Landim também no Pronto-socorro. O menino faleceu em 18 de agosto, vítima de meningite. A terceira morte suspeita foi a da aposentada Iara Brandieri Batista, de 82 anos, também atendida por Pablo.
O Comércio teve acesso à sindicância aberta pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) para apurar possíveis erros médicos no atendimento feito à Maria Aparecida. Entre os documentos, está um ofício da presidente da Comissão de Ética Médica da Prefeitura Municipal, em que é apontada a falta de exames. “Consideramos que o caso não foi completamente investigado. Não pediram enzimas, não repetiram o eletrocardiograma, não descreveram exames abdominais.”
A filha de Maria, Viviane Orlinda da Silva Trindade, de 34 anos, confirma. “Acompanhei minha mãe nas duas vezes em que ela passou pelo médico. O segundo, esse Pablo, nem tocou nela. Ela não estava nem conseguindo falar direito e ele fez pouco caso. Depois só deu uma injeção e um remédio e mandou ela para casa.”
Viviane diz que a mãe, depois de medicada, dormiu, mas acordou por volta das 6 horas ainda com muitas dores. “Como ele (Pablo) tinha dado uma receita para tomar a injeção, fomos para a farmácia. Mas, no meio do caminho, ela passou mal e desmaiou. Chamaram o resgate, mas disseram que ela chegou morta ao pronto-socorro.”
Segundo depoimentos durante a sindicância, Pablo teria receitado para Maria morfina (analgésico), Rivotril (poderoso tranquilizante) e Profenid (anti-inflamatório).
Viviane diz que, quando viu as imagens de Pablo na televisão, teve a impressão de conhecê-lo. “Mas na hora nem me liguei que era ele o médico que tinha atendido minha mãe. Depois que fui ver.”
Ela ainda disse que se sente revoltada. “A gente fica indignada, com uma dor no peito que não tem explicação. Minha mãe podia estar viva. Ela nem viu minha filha caçula nascer.”
Viviane disse que ainda não foi informada da conclusão da sindicância, mas que espera uma resposta. “Eu quero justiça. Quero saber o que de fato aconteceu com a minha mãe e, se alguém errou, vai ter responder por isso.”

Fonte:gcn.net.br

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