segunda-feira, 27 de junho de 2016

Adultos com deficiência criam lava rápido de baixo custo em Cubatão

Eles realizam a lavagem de carros por dentro e por fora.  Além de descobrir novas habilidades, eles interagem mais com a sociedade.


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Adultos com deficiências físicas e mentais estão participando de oficinas com o objetivo de se inserir no mercado de trabalho em Cubatão (SP). O mais novo aprendizado contempla uma oficina de lava rápido. Além de descobrirem novas habilidades, eles desenvolvem autonomia para lidar com tarefas do dia a dia e interagir melhor com a sociedade.
A professora de educação especial Glaucia Helena da Silva Leone teve a ideia de montar o lava rápido no Centro Multidisciplinar, que atualmente conta com 74 pessoas atendidas com deficiência intelectual, física e autismo. “Eu sugeri porque requer pouco material. É a mão de obra mesmo. Além disso, a demanda é boa. As pessoas gostam de ter o carro e o trabalho manual é mais fácil. Foi pensado também como uma geração de renda futura. Quando eles estiverem com mais prática, eles poderão fazer isso no mercado”, diz ela.
Atendidos aprenderam a lavar carros por dentro e por fora (Foto: G1)Atendidos aprenderam a lavar carros por dentro e
por fora (Foto: G1)
Com o apoio da orientadora do Centro, Renata Sessa, a professora colocou o projeto em prática em março. Elas selecionaram oito atendidos pelo Centro Multidisciplinar, de acordo com suas habilidades. Parte do material para a lavagem dos carros foi doado e outra parte foi comprada pelos próprios atendidos, com o dinheiro que conseguiram da venda de bolachas, produzidas na oficina de culinária.
O dono de um lava rápido que fica próximo ao Centro, Marivan Santos Silva, do Lava-Rápido Alemão, também resolveu ajudar no projeto. Ele deu aulas para os atendidos e explicou passo a passo como realizar a higienização dos carros. Eles passaram por dois dias de treinamento com Marivan. Além disso, o comerciante também doou alguns materiais para o projeto, como tapetinhos de carro e produtos de limpeza.
“Meu lava rápido é aqui do lado da escola. Eles ficaram olhando eu fazer o serviço e falei para eles irem treinar um pouco comigo. Mostrei como se faz. Eles foram fazendo junto comigo e foram aprendendo. É um projeto ótimo, os meninos tem vontade de aprender. Uns tem mais habilidades que o outros, mas todos tem a oportunidade. Se a gente pode fazer alguma coisa para o próximo, o mínimo já ajuda”, disse ele.
O lugar escolhido para o funcionamento do lava rápido foi a Unidade Municipal de Ensino (UME) Princesa Isabel, já que o Centro Multidisciplinar não teria o espaço suficiente para realizar o serviço. O grupo faz higienização por dentro, lavando tapetes, aspirando o interior e também por fora, limpando toda a lateria. Eles atendem até dois carros por dia, com agendamento, sempre as sextas-feiras. O serviço custa R$ 20.
Atividade desenvolve habilidades dos atendidos (Foto: G1)Atividade desenvolve habilidades dos atendidos
(Foto: G1)
Petrucio Santos de Almeida, de 34 anos, tem esquizofrenia e é um dos participantes do lava rápido experimental. “Eu aprendi e estou gostando. Eu gosto de lavar a roda. Eu lavo com outros amigos. Eu acho bom porque ganha um dinheiro a mais”, diz ele, que já trabalhou em comércios da cidade, mas gostaria de um emprego melhor.
Segundo a orientadora Renata Sessa, o lava rápido é uma atividade que faz parte de uma reestruturação do serviço de educação especial. A ideia é proporcionar às pessoas com deficiências o desenvolvimento de habilidades e a oportunidade de aprenderem novas funções. Mas, o mais importante, é ampliar a interação com a sociedade, a medida que realizam o atendimento ao público.

“O que a gente quer é que o deficiente tenha uma inclusão social. A inclusão não está só na escola, está em todos os espaços sociais, no esporte, no lazer e na cultura. É uma forma que eles têm de fazer um treinamento para o mercado de trabalho. É um conjunto. Toda a atividade você treina não só para a função, mas para vida”, explica.
Fonte: g1.globo.com

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